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Registro Completo |
Biblioteca(s): |
Epagri-Sede. |
Data corrente: |
20/09/2012 |
Data da última atualização: |
20/09/2012 |
Tipo da produção científica: |
Artigo de Divulgação na Mídia |
Autoria: |
FELIPPETO, J. |
Afiliação: |
Epagri |
Título: |
O terroir: segredo dos bons vinhos. |
Ano de publicação: |
2012 |
Fonte/Imprenta: |
Jornal da Fruta, Lages, SC, n. 256, 2012. |
Idioma: |
Português |
Conteúdo: |
Segundo João Afonso, famoso crítico português de vinhos, terroir é aquilo que todos gostariam de ter mas que muito poucos têm. Tema controverso, de complicada definição e polêmica aceitação é, no entanto, uma realidade ambicionada (ou sonhada) por grande parte dos produtores de vinho no Mundo. Terroir: uma palavra francesa que representa um número complexo de fatores que influenciam a biologia da videira determinando a qualidade final da uva e do vinho resultante. O termo foi criado em meados do século XIX quando Dubos e Laville, com base na centenária cultura vitivinícola borgonhesa, classificaram as vinhas segundo o seu Terroir. Assim nasceram os ?Cru? borgonheses, criados e explorados por ordens religiosas (Beneditinos e Cistercienses) até à Revolução Francesa. Conceitualmente, terroir compreende e engloba as dimensões de microclima, solo e planta. Paralelamente e não menos importante está a intervenção humana sobre a viticultura (sistemas de condução, escolha do porta-enxerto e da cultivar copa, tratos culturais em geral etc.) e sobre a enologia (processos de vinificação, estabilização e maturação dos vinhos, além de muitos outros.) Ainda segundo João Afonso, o terroir é muitas vezes confundido com noções mais amplas como a Regionalidade e a tipicidade que lhe é inerente. Entretanto, compreenda-se que a regionalidade refere-se a um âmbito geográfico alargado que inclui latitude, altitude, condições climatéricas gerais, geologia do substrato, estrutura e textura do solo superficial, suas propriedades químicas, físicas, hídricas e térmicas, castas, porta enxertos, possibilidades de crescimento em profundidade das raízes etc. O Terroir poderá ser tudo isto mas numa uma escala de dimensão limitada e bem definida. Sendo assim, passamos a falar de micro clima, de características muito específicas de solo e de tratamentos vitivinícolas como um todo. Sendo assim, trata-se, em última análise da relação integrada e específica entre homem-planta-clima-atmosfera. Note-se que, apesar das enormes diferenças entre as características, por exemplo, de um ?Cabernet Sauvignon? elaborado em diferentes locais, o patrimônio genético da cultivar sempre permanecerá intacto, ou seja, o que muda não é o genótipo, mas sim o fenótipo da planta, considerando a sua inserção e o tratamento que recebe, em diferente locais. Pode-se dizer que, antigamente existiam poucos terroirs com qualidades intrínsecas capazes de produzir vinhos reconhecidamente bons por todos os críticos do mundo. Haviam incontáveis fatores conspirando contra a almejada?qualidade superior?. Entre os principais, estão as doenças e as pragas e, principalmente, a falta de conhecimento técnico dos produtores, que muitas vezes se esforçavam em vão na tentativa de obter uma colheita satisfatória o suficiente para produzirem um vinho medíocre, na melhor das hipóteses. Hoje, o crescente aumento do conhecimento científico e tecnológico proporcionou condições para a descoberta dos mais variados locais que podem dar suporte à implantação de bons vinhedos. Parte deste avanço se deve às novas moléculas com ação anti-microbiana, ao melhoramento e utilização de porta-enxertos competentes, à compreensão e manipulação das exigências fisiológicas das videiras (dormência, restrição hídrica, cultivos protegidos, suplementação nutricional, etc.). Além destes, avançaram também os conhecimentos concernentes aos diversos tratos fitotécnicos (sistemas de condução, poda, desfolha, raleios, etc.). Todos este fatores somados tornaram possível a prática da vitivinicultura no novo mundo.
De acordo com Manoel Beato (2010), após os anos de 1970, os Estados Unidos dividiram a vitivinicultura em novo mundo e velho mundo. As cultivares cabernet sauvignon e chardonnay passaram a ser as mais utilizadas para a produção de vinhos finos. È com o novo mundo, especificamente na Califórnia (EUA), que surge a moda dos ?varietais?, Istoé, dos vinhos feitos de uma única casta. Didático, este estilo ensinou muita gente a tomar vinho e a conhecer a tipicidade de cada uva. Auxiliado por uma vinificação tecnológica, a revolução do novo mundo foi o fato de fazer vinhos mais prontos para beber, sem falar no aspecto mercadológico com a difusão da cultura do vinho de forma exemplar e sem precedentes. São vinhos mais maduros, alcoólicos e concentrados, exibem um sabor frutado e normalmente recordam o aroma de carvalho novo. Com essa convivivência novo mundo/velho mundo, muitos vitivinicultores da Europa passaram a produzir vinhos varietais. Em contrapartida, produtores do novo mundo vêem a necessidade de um ?amadurecimento? de seus vinhos ? exemplo disso é a busca da noção de terroir. Entretanto, é importante salientar que cada vinho bem elaborado apresenta uma personalidade, uma identidade que lhe é peculiar devido ao seu terroir, e isto vai muito além do mero conceito de qualidade. No Brasil a vitivinicultura tem experimentado importantes transformações. Entre elas destaca-se a implantação de vinhedos nas novas regiões produtoras, como é o caso do Planalto Catarinense. Trata-se de uma viticultura iniciante, porém já altamente tecnificada e originária de projetos elaborados a partir de um setor organizado. Neste sentido, a prioridade tem sido o adequado gerenciamento dos vinhedos, constituídos basicamente de variedades nobres e, visando o máximo de qualidade em cada safra. Esta nova realidade já produz os seus frutos: os vinhos produzidos na região de São Joaquim começam a ganhar espaço no mercado, através do reconhecimento das suas características diferenciadas. Trata-se de um vinho fino de estrutura complexa, aromas intensos, cor estável e uma evidente harmonia e persistência na boca. Estas peculiaridades são devidas, especialmente às características do clima desta região, em função da sua elevada altitude. A região de São Joaquim está, em média, acima dos 1100m em relação ao nível do mar. Esta condição particular permite uma maturação lenta, com importantes aportes de taninos e antocianas além de proporcionar uma adequada concentração de sólidos solúveis totais, especialmente açúcares. Soma-se a isto a elevada amplitude térmica diária verificada na região, o que permite a alta estabilização antociânica e dos fotossintatos em geral. O resultado destas característica é um vinho realmente nobre. Estima-se que devido às suas características edafoclimáticas, a região possa se tornar um pólo regional importante de desenvolvimento da vitivinicultura em Santa Catarina, num futuro próximo. Nesta aposta, a Estação Experimental de São Joaquim iniciou uma série de ações de pesquisa através do Laboratório de Enoquímica e Microvinificação inaugurado no final de 2010, com o objetivo final de subsidiar o desenvolvimento setorial da uva e do vinho. Os resultados esperados em função da execução do projeto são incluem a melhoria na qualidade das uvas a partir do conhecimento do perfil de maturação dos frutos, além da possibilidade de melhoria da qualidade de vida das pessoas direta ou indiretamente ligadas à atividade e criação de empregos especializados em vitivinicultura e áreas afins, como enoturismo, hotelaria e outros serviços. Os resultados esperados tem em si a certeza de que a região de São Joaquim conta com uma natureza generosa, aliada a ações empresariais com objetivos bem definidos. A partir de agora, as conquistas serão compulsórias, e somente comprovarão a existência de um terroir merecedor dos melhores brindes. MenosSegundo João Afonso, famoso crítico português de vinhos, terroir é aquilo que todos gostariam de ter mas que muito poucos têm. Tema controverso, de complicada definição e polêmica aceitação é, no entanto, uma realidade ambicionada (ou sonhada) por grande parte dos produtores de vinho no Mundo. Terroir: uma palavra francesa que representa um número complexo de fatores que influenciam a biologia da videira determinando a qualidade final da uva e do vinho resultante. O termo foi criado em meados do século XIX quando Dubos e Laville, com base na centenária cultura vitivinícola borgonhesa, classificaram as vinhas segundo o seu Terroir. Assim nasceram os ?Cru? borgonheses, criados e explorados por ordens religiosas (Beneditinos e Cistercienses) até à Revolução Francesa. Conceitualmente, terroir compreende e engloba as dimensões de microclima, solo e planta. Paralelamente e não menos importante está a intervenção humana sobre a viticultura (sistemas de condução, escolha do porta-enxerto e da cultivar copa, tratos culturais em geral etc.) e sobre a enologia (processos de vinificação, estabilização e maturação dos vinhos, além de muitos outros.) Ainda segundo João Afonso, o terroir é muitas vezes confundido com noções mais amplas como a Regionalidade e a tipicidade que lhe é inerente. Entretanto, compreenda-se que a regionalidade refere-se a um âmbito geográfico alargado que inclui latitude, altitude, condições climatéricas gerais, geologia do substrato, estrutura e textura do sol... Mostrar Tudo |
Palavras-Chave: |
Vinho. |
Categoria do assunto: |
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Marc: |
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Conceitualmente, terroir compreende e engloba as dimensões de microclima, solo e planta. Paralelamente e não menos importante está a intervenção humana sobre a viticultura (sistemas de condução, escolha do porta-enxerto e da cultivar copa, tratos culturais em geral etc.) e sobre a enologia (processos de vinificação, estabilização e maturação dos vinhos, além de muitos outros.) Ainda segundo João Afonso, o terroir é muitas vezes confundido com noções mais amplas como a Regionalidade e a tipicidade que lhe é inerente. Entretanto, compreenda-se que a regionalidade refere-se a um âmbito geográfico alargado que inclui latitude, altitude, condições climatéricas gerais, geologia do substrato, estrutura e textura do solo superficial, suas propriedades químicas, físicas, hídricas e térmicas, castas, porta enxertos, possibilidades de crescimento em profundidade das raízes etc. O Terroir poderá ser tudo isto mas numa uma escala de dimensão limitada e bem definida. Sendo assim, passamos a falar de micro clima, de características muito específicas de solo e de tratamentos vitivinícolas como um todo. Sendo assim, trata-se, em última análise da relação integrada e específica entre homem-planta-clima-atmosfera. Note-se que, apesar das enormes diferenças entre as características, por exemplo, de um ?Cabernet Sauvignon? elaborado em diferentes locais, o patrimônio genético da cultivar sempre permanecerá intacto, ou seja, o que muda não é o genótipo, mas sim o fenótipo da planta, considerando a sua inserção e o tratamento que recebe, em diferente locais. Pode-se dizer que, antigamente existiam poucos terroirs com qualidades intrínsecas capazes de produzir vinhos reconhecidamente bons por todos os críticos do mundo. Haviam incontáveis fatores conspirando contra a almejada?qualidade superior?. Entre os principais, estão as doenças e as pragas e, principalmente, a falta de conhecimento técnico dos produtores, que muitas vezes se esforçavam em vão na tentativa de obter uma colheita satisfatória o suficiente para produzirem um vinho medíocre, na melhor das hipóteses. Hoje, o crescente aumento do conhecimento científico e tecnológico proporcionou condições para a descoberta dos mais variados locais que podem dar suporte à implantação de bons vinhedos. Parte deste avanço se deve às novas moléculas com ação anti-microbiana, ao melhoramento e utilização de porta-enxertos competentes, à compreensão e manipulação das exigências fisiológicas das videiras (dormência, restrição hídrica, cultivos protegidos, suplementação nutricional, etc.). Além destes, avançaram também os conhecimentos concernentes aos diversos tratos fitotécnicos (sistemas de condução, poda, desfolha, raleios, etc.). Todos este fatores somados tornaram possível a prática da vitivinicultura no novo mundo. De acordo com Manoel Beato (2010), após os anos de 1970, os Estados Unidos dividiram a vitivinicultura em novo mundo e velho mundo. As cultivares cabernet sauvignon e chardonnay passaram a ser as mais utilizadas para a produção de vinhos finos. È com o novo mundo, especificamente na Califórnia (EUA), que surge a moda dos ?varietais?, Istoé, dos vinhos feitos de uma única casta. Didático, este estilo ensinou muita gente a tomar vinho e a conhecer a tipicidade de cada uva. Auxiliado por uma vinificação tecnológica, a revolução do novo mundo foi o fato de fazer vinhos mais prontos para beber, sem falar no aspecto mercadológico com a difusão da cultura do vinho de forma exemplar e sem precedentes. São vinhos mais maduros, alcoólicos e concentrados, exibem um sabor frutado e normalmente recordam o aroma de carvalho novo. Com essa convivivência novo mundo/velho mundo, muitos vitivinicultores da Europa passaram a produzir vinhos varietais. Em contrapartida, produtores do novo mundo vêem a necessidade de um ?amadurecimento? de seus vinhos ? exemplo disso é a busca da noção de terroir. Entretanto, é importante salientar que cada vinho bem elaborado apresenta uma personalidade, uma identidade que lhe é peculiar devido ao seu terroir, e isto vai muito além do mero conceito de qualidade. No Brasil a vitivinicultura tem experimentado importantes transformações. Entre elas destaca-se a implantação de vinhedos nas novas regiões produtoras, como é o caso do Planalto Catarinense. Trata-se de uma viticultura iniciante, porém já altamente tecnificada e originária de projetos elaborados a partir de um setor organizado. Neste sentido, a prioridade tem sido o adequado gerenciamento dos vinhedos, constituídos basicamente de variedades nobres e, visando o máximo de qualidade em cada safra. Esta nova realidade já produz os seus frutos: os vinhos produzidos na região de São Joaquim começam a ganhar espaço no mercado, através do reconhecimento das suas características diferenciadas. Trata-se de um vinho fino de estrutura complexa, aromas intensos, cor estável e uma evidente harmonia e persistência na boca. Estas peculiaridades são devidas, especialmente às características do clima desta região, em função da sua elevada altitude. A região de São Joaquim está, em média, acima dos 1100m em relação ao nível do mar. Esta condição particular permite uma maturação lenta, com importantes aportes de taninos e antocianas além de proporcionar uma adequada concentração de sólidos solúveis totais, especialmente açúcares. Soma-se a isto a elevada amplitude térmica diária verificada na região, o que permite a alta estabilização antociânica e dos fotossintatos em geral. O resultado destas característica é um vinho realmente nobre. Estima-se que devido às suas características edafoclimáticas, a região possa se tornar um pólo regional importante de desenvolvimento da vitivinicultura em Santa Catarina, num futuro próximo. Nesta aposta, a Estação Experimental de São Joaquim iniciou uma série de ações de pesquisa através do Laboratório de Enoquímica e Microvinificação inaugurado no final de 2010, com o objetivo final de subsidiar o desenvolvimento setorial da uva e do vinho. Os resultados esperados em função da execução do projeto são incluem a melhoria na qualidade das uvas a partir do conhecimento do perfil de maturação dos frutos, além da possibilidade de melhoria da qualidade de vida das pessoas direta ou indiretamente ligadas à atividade e criação de empregos especializados em vitivinicultura e áreas afins, como enoturismo, hotelaria e outros serviços. Os resultados esperados tem em si a certeza de que a região de São Joaquim conta com uma natureza generosa, aliada a ações empresariais com objetivos bem definidos. A partir de agora, as conquistas serão compulsórias, e somente comprovarão a existência de um terroir merecedor dos melhores brindes. 653 $aVinho 773 $tJornal da Fruta, Lages, SC$gn. 256, 2012.
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